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editorial

39 olhares 39 criações 3ªedição dos encontros do DeVIR este festival internacional desenvolve-se em torno de 3 perguntas/eixos:

como nos vemos? (criadores locais) que imagem temos de nós próprios? De que modo o que somos se reflecte no que fazemos, no que construímos?

como nos vêm? (criadores nacionais) Que imagem têm de nós? De que modo é que atendemos à expectativas dos outros?

como nos damos a ver? (criadores internacionais) que imagem passamos? De que modo somos eficazes na comunicação, através dos media, quando nos “vendemos”, quando promovemos o nosso território e o que nos distingue?

 

os encontros do DeVIR distribuem-se por 3 momentos: antecomeço (Jan-Março) fase preparatória; programação nacional (Abril) em Faro, Loulé, Quarteira e S. Brás de Alportel; programação internacional (Maio) no CAPa, Centro de Artes Performativas em Faro.

 

tal como nas edições anteriores (desertificação humana da Serra do Caldeirão – 2012 e de onde VIMOS? para onde VAMOS? – público jovem - 2015), este festival quer continuar a pensar o território, numa lógica de continuidade e resiliência, aliando o social ao cultural, o ecológico, o científico e político ao artístico. Pretende ser um desafio reflexivo sobre a nossa identidade territorial, tendo na Arte o veículo para o pensamento. Poderá ser uma oportunidade de pôr o cidadão de hoje a especular, a criar mudança, a construir devir e a projectar futuro.

 

as premissas dos encontros do DeVIR não passam por tentar dar respostas, mas antes por levantar questões. Misturemos o real e o imaginário, a ficção e o documental, e adivinhemos o futuro de modo a sobrevivermos pela diferença, com o que nos caracteriza. Só o desenvolvimento territorial equilibrado, atento à realidade, às fragilidades e às potencialidades, permitirá não hipotecar mais o que ainda temos e somos. Desse modo estaremos a cuidar de nós, do que é nosso, e a garantir uma qualidade de vida que perdure e nos “alimente”. Daí a necessidade de se encontrarem estratégias de avaliação relativas a um passado recente, promovendo-se momentos de reflexão sobre a nossa realidade, onde se cruzem os olhares dos decisores políticos com os dos artistas, dos investigadores e dos cidadãos, de modo a delinear um futuro que aproveite as potencialidades do território (Serra/ Litoral) e potencie as singularidades das comunidades, numa perspectiva de complementaridade.

 

a fase preparatória antecomeço incluiu um workshop de fotografia em espaço urbano, um ciclo de cinema documental sob o tema da identidade vs descaracterização territorial (curadoria Curtas de Vila do Conde), que antecede 4 conversatórios “falsas inevitabilidades”, 4 encontros envolvendo a comunidade, técnicos e investigadores sobre questões que se cruzam com a descaracterização do Algarve, que poderão ser decisivas para a sustentabilidade desta região: produções autóctones; exploração de hidrocarbonetos; erosão silenciosa; turismo massificado/autofágico.

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para a construção da programação nacional utilizou-se a seguinte fórmula:

1 localidade X 4 [1 criação (artes do espectáculo) + 1 texto X (ilustração + leitura) + 1 roteiro] =  4 espectáculos. 12 olhares 12 criações, 4 propostas sobre 4 localidades (Faro, Loulé, Quarteira e São Brás de Alportel). Acompanha os espectáculos uma exposições de fotografia, “ o interesse do lugar”, e serão disponibilizados 4 audiowalks&thoughts - visitas informadas, e ainda, roteiros alternativos&itinerários subjectivos, 6 documentários que constituem outros modos de ver as cidades por quem as conhece por dentro.

 

da programação internacional fazem parte 8 coreógrafos de 8 diferentes geografias e identidades. Da destruída Síria ao exotismo da Coreia do Sul, do Brasil profundo, por onde não passou a nossa Carmen Miranda, ao Congo, de um criador que luta por encontrar soluções para questões sociais do seu país, passando pelo leste, pela Roménia, pela Áustria e revisitando o que nos foi “próximo” no passado, que pouco tem que ver com o presente, a Índia e Moçambique.   

Estas criações refletem as identidades territoriais de quem as produziu, traduzem tensões sociais ou politicas significantes.

 

      vejo o mundo nas costas dos outros é um documentário, uma montagem de um conjunto de filmes curtos que traduzem o que os outros pensam de nós. São descrições e imagens ficcionadas sobre esta região, por criadores da área da dança contemporânea que nunca visitaram o Algarve, tendo por base a informação veiculada pelas entidades responsáveis pela promoção deste território. Revela de que modo somos eficazes na comunicação, através dos media, quando nos “vendemos”, quando promovemos o nosso território e o que nos distingue.

 

 bons encontros!

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